O cantor Bruno Branco é um dos artistas gospel brasileiros que vem ganhando destaque no cenário nacional e sua postura quanto à música cristã no Brasil também vem recebendo holofotes.
Numa entrevista concedida ao site da Igreja Batista da Lagoinha (IBL), Bruno afirmou que boa parte dos ouvintes e cantores se apegam mais ao dialeto “evangeliquês” do que ao conteúdo e mensagem que a música pode apresentar.
“Para muitas pessoas cantar música ‘gospel’ ou ‘cristã’ significa usar determinadas palavras. Então, se a música não tem a palavra ‘Jesus’ cinco, seis ou mais vezes é como se ela estivesse em um sub-nível e não fosse classificada para ser cristã. Mas no fundo do fundo, quando falamos do que Jesus fez, do que Ele foi e do que nós somos Nele, por Ele e para Ele, automaticamente, estamos falando d’Ele”, disse o cantor.
Para Bruno Branco, falta interpretação de conteúdo a boa parte do público que ouve música gospel no Brasil: “Muitas vezes as pessoas se preocupam com a linguagem e não com a mensagem. É triste saber que a gente tem pilhas e pilhas de discos que a palavra ‘Jesus’ aparece muitas vezes, mas que as letras não têm nenhum conteúdo do Evangelho. Infelizmente esse preconceito não é com a mensagem, porque se você observar os discos do Palavrantiga, da Lorena, você encontrará muito cristianismo. Então, as pessoas preferem criticar quando o trabalho não carrega certa bandeira, do que ouvir e compreender o que aquela pessoa está dizendo. Portanto, se não tem o ‘evangeliquês’ que estamos acostumados, o projeto está desclassificado, e por isso, acabamos perdendo muitas pessoas”, lamentou.
Sobre seu disco mais recente, “Prato & Sino”, lançado pela Som Livre, Bruno Branco afirma que a ideia é que as músicas provoquem reflexão em quem ouve, para que a partir de um pensamento mais claro e objetivo, o exercício da fé seja mais efetivo quanto a fazer a diferença.
“As músicas do disco carregam também muitos protestos sociais. Na época que gravei estava vivenciando uma onda de manifestações pelas ruas do Brasil. O nome do álbum também faz uma analogia com os ‘pratos vazios’ das pessoas que muitas vezes pensamos que está vazio de arroz, feijão, saúde, mas que no fundo no fundo está vazio é de amor, porque os governantes não amam as pessoas. Se amassem, usariam os recursos para o bem da população […] O nome do disco também fala da questão do ‘prato da fé’, das pessoas que estão sendo comercializadas dentro das igrejas. Elas também estão vazias de amor. Então, fiz essa relação com os sinos das igrejas, porque não adianta, também fazendo uma analogia, estarem cheias de ‘congressos’, ‘eventos”, e ‘shows’ e continuarem vazias de amor”, criticou.