Diante do imenso sucesso da música gospel, o professor e pianista de música sacra Joêzer Mendonça escolheu o estilo como tema de sua dissertação de mestrado. O trabalho, cujo título é “O Gospel é Pop: Música e Religião na Cultura Pós-Moderna”, foi apresentado no núcleo de Musicologia do Instituto de Artes da Unesp no ano passado.
O mercado evangélico e sua lucratividade foram um dos motivos para a atenção do professor. Os dados, de fato, são impressionantes: em 2008, uma gravadora gospel brasileira faturou R$ 18 milhões e uma cantora gospel conseguiu um grande hit em uma novela da Globo, em horário nobre.
Outro ponto abordado foi a quantidade de ritmos explorados dentro do gênero gospel. “Tem de tudo, desde rock até funk evangélico; os artistas se apropriam desses ritmos populares para alcançar um público maior”, disse Mendonça.Essa seria a expressão de que o gospel não só está suprindo as demandas espirituais, como também as demandas de mercado. “A música serve para dar sentido para as pessoas que não conhecem a religião. Cada gênero serve a um nicho de mercado ou de pessoas a serem evangelizadas”, disse ainda o professor.
Segundo Mendonça, um dos motivos importantes que fariam a música gospel ter o sucesso atual é a posibilidade de o fiel sentir-se cristão, posto antes ocupados pelos sacerdotes. “Pode interpretar a Bíblia de várias formas, assim como pode escolher o que considera ser cristão. Se ele acha que comprar um CD de pagode gospel é ser temente a Deus, ele se sente livre para fazê-lo”, segundo o professor.
Entretanto, o autor da dissertação faz uma importante ressalva: “Questiono se esse processo de transformar música religiosa em música pop não dilui a mensagem do Evangelho”.
Fonte: Gospel+
Com informações e citações da versão Online do Jornal Estadão