Matt Redman é um dos ministros de louvor mais influentes do mundo. Uma de suas músicas mais famosas “Heart of worship” (Essência da Adoração) já foi gravada por muitos artistas brasileiros como David Quinlan. Além disso ele também integra a equipe que ministra nas conferências Passion juntamente com Chris Tomlin e David Crowder Band.
A entrevista abaixo foi realizada pela gravadora Kingsway e faz parte de uma série chamada “Clínica” que busca conhecer líderes de louvor influentes pelo mundo de maneira honesta e clara. Você poderá conhecer mais desse ministro de louvor e entender a adoração como algo global.
Nestes dias de comunicação global, quando a comunidade já não depende da localização física; os líderes e ministros de louvor e adoração ainda precisam estar ligados a uma igreja local?
Matt Redman: Eu acho que existem níveis diferentes de ação, mas no final do dia ser “igreja” é aprender a compartilhar nossas vidas. Então, você poderia provavelmente fazer isso por e-mail ou pela internet em um nível. Mas não acho que isso poderia realmente substituir o nível de comunhão e de compartilhar a vida que ocorre quando você come junto, ora junto, canta junto e dá suporte um ao outro no dia-a-dia, o “local” é muito importante. Como um líder de louvor e adoração, eu provavelmente encontro muitas vezes com alguns músicos que, no fundo, vêem a igreja local como um trampolim para outra coisa. Alguns parecem estar esperando que a situação da igreja local possa impulsioná-los para algo que eles sentem que é maior ou vale mais a pena, e não percebem que uma igreja local é importante, bonita e poderosa.
Dito tudo isso, eu acho que ter uma perspectiva ´global´ é realmente muito importante. É realmente abrir nossos olhos da fé, quando começamos a ver a grande imagem – Deus tecendo um plano absolutamente incrível por todo esse mundo.
Fiquei interessado quando você se referiu à tentação de “ver a igreja local como um trampolim para algo mais”. Esta é uma indicação de que poderíamos estar a caminho do território de Amós 5, onde nossas músicas acabam sendo pouco mais do que o ruído sem sentido? Como a correção que as atuais circunstâncias exigem?
Eu acho que muitos líderes, pregadores – e até mesmo canções – estão nesta área. Talvez tenha havido muita ênfase sobre isso, é porque nós ficamos tão empolgados com músicas e sons e esquecemos que basicamente é sobre a vida de amor e serviço. Cantar é fácil …, ok, nem todos podem cantar exatamente em sintonia, mas encaram, a maioria das pessoas pode alcançar uma música em algum grau. Mas viver “em sintonia” é uma proposição muito mais difícil e importante.
Eu vou provocá-lo a respeito do que se usou no passado. É uma coisa do passado “se deixar levar”? Temos redescoberto “vida de amor e de serviço”? Como tem sido nosso desempenho nestes dias?
MR: Eu acho que é impossível saber realmente. Acho que um adorador saudável continua pedindo o Espírito Santo “sonda-me … e vê se há em mim algum caminho mau… e levar-me pelo caminho eterno”. Estamos em uma curva de aprendizagem constante, e devemos ter como objetivo de nossas vidas “descobrir o que é agradável ao Senhor” (Efésios 5:10). Ouvi Mark Driscoll dizer que é fácil identificar os ídolos em culturas de outras pessoas, mas muitas vezes é difícil identificar na nossa. E às vezes é a mesma coisa com as nossas vidas – nós muito facilmente podemos criticar alguém com quem andamos e encontramos falhas, mas existem pontos cegos, que podem precisar de limpeza ou de assistência em nossas próprias vidas. Um coração humilde para ouvir a Deus e aos outros falando em nossas vidas é essencial.
Amém por isso. Diga-me, você ainda encontra inspiração no Tozer? O que ele teria a nos dizer hoje?
MR: Sim, estou lendo algumas vezes Tozer. Parece que muito do que ele disse sobre a adoração e, em particular a grandiosidade de Deus, é tão relevante e tocante à igreja de hoje. Ele disse que é uma coisa aprazível adorar a Deus, mas também uma coisa humilhante. Nossa adoração pode se tornar banal e casual, se não formos cuidadosos, mas as expressões mais saudáveis de culto, louvor e adoração estão cheias de admiração e reverência.
Sejamos práticos: quais as disciplinas espirituais você pratica que o ajudam a evitar que sua adoração – e seu relacionamento com Deus – se tornem banais e casuais?
MR: Quando eu digo ´mundano´ ou ´casual´ estou falando sobre a tendência de pensar e de se aproximar de Deus como se Ele fosse comum em vez de incomensurável e extraordinário. Reconhecer a dependência de Jesus é um grande sinal de um coração reverente. Você pode estar em uma temporada potencialmente estressante, talvez financeira ou relacionada com o trabalho, ou à procura de algum tipo de avanço ou restauração em um relacionamento. Como você age nesse momento lhe diz muito sobre que tipo de adorador você é, e em qual nível de confiança você está operando na sua caminhada com Deus. Quanto mais reverência temos para com o seu poder de agir, e quanto mais revelação temos de Seu imenso amor e cuidado por nós, mais vamos confiar nEle passando por essa estação.
O resultado maravilhoso disto não está apenas em honrar a Deus, mas o processo de começamos a viver uma vida com menos pressão e estresse. Todos nós provavelmente temos níveis de confiança em que temos funcionado. E provavelmente eles estão diretamente relacionados à nossa visão de Deus. Isso afeta praticamente tudo na vida e está diretamente ligado a quantas vezes você está disposto a pegar sua carteira e ofertar algum dinheiro na igreja. Se você tem uma visão grande do dinheiro e uma pequena de Deus, colocando na balança a arrecadação, vai haver muito menos inspiração no momento!
Lembrando o tempo em que o “Soul Survivor” estava apenas começando, quais as lições importantes que Deus ensinou e que continuam sendo importantes para você hoje?
MR: Muitas coisas. Eu acho que a maior delas é que: se você exaltar Jesus e colocá-lo no centro do que você está construindo, é provável que você veja o sorriso de Deus nas coisas que você está trabalhando. Sabíamos que estávamos plantando muito no Soul Survivor – um bando de jovens tentando ser uma igreja bíblica, autêntica, relevante, dependente do Espírito Santo; nunca vou esquecer essa aventura. Ele também me ensinou que o evangelho realmente funciona. Nós não estávamos envaidecidos, não estávamos aglomerando uma cultura mais relevante – às vezes parecia que tudo o que tínhamos era “três acordes e a verdade”!
Eu tive o privilégio de estar envolvido na implantação de algumas igrejas e todaos foram muito diferentes em suas expressões como igreja. É animador ver que o evangelho realmente funciona. Em todas essas diferentes comunidades temos visto sinais inspiradores do Reino – pessoas sendo resgatadas e curadas, a verdade de Deus moldando a vida das pessoas, e os pobres e esquecidos sendo cuidados.
Naqueles tempos “Soul Survivor” – quando tudo que você podia cozinhar era pipoca – lembro de você falando sobre a passar o bastão: como muitas vezes podemos nos esquecer do fato de ter existido antes de nós uma longa fila de fiéis piedosos, homens e mulheres cuja contribuição para a vida atual da igreja não deveria ser esquecida – Nestes dias me pergunto se você pensa sobre a geração a qual você vai passar o bastão. O que você espera que eles herdem do crescimento evangélico, do louvor e adoração vindos dos anos 90?
MR: Eu ouvi uma vez um líder dizer que “o limite máximo de uma geração é o piso da próxima”. Eu amo a idéia de que – quando chega uma geração, a próxima geração não tem que começar a construir do zero, mas constrói a partir daí. Vejo tanto isso – jovens líderes de louvor e adoração e músicos que estão à frente de onde estávamos – musicalmente, lideram de forma sábia e teológica, compreendem o que é e o que não é adoração. A chave é dar-lhes algumas boas orientações para vida, e não matar a novas idéias e abordagens. Quando ajudamos a plantar uma igreja ha alguns anos atrás na Inglaterra, o bispo com o qual trabalhamos explicou que estávamos num lugar muito diferente para eles em termos de suas expressões preferidas nas reuniões de louvor e adoração. Ele nos deu algumas dicas importantes do que cada igreja precisa ter (o pão, a oração, a comunhão, doação aos pobres, etc) e disse que queria ver esses fundamentos na vida da nova igreja. Ele disse, além disso, que não importava o quão alto fossem nossas expressões de adoração, nem como soavam durante a reunião, mas que tínhamos total liberdade. Em outras palavras, ele nos deu permissão para construir algo que ele provavelmente não se sentiria confortável em fazer – para o bem dos outros que iriam chegar. Isso é uma grande abordagem. Nós nos sentimos seguros nas orientações que ele deu, mas livres para sermos criativos e desenvolvermos o que nós construímos.
Matt Redman foi entrevistado por Craig Borlase
Soul Survivor (Um evento evangelístico que teve seu início em 1993 na Inglaterra e que hoje ocorre em várias partes do mundo)
Mat Redman é músico e compositor inglês autor de várias canções sendo uma delas bem conhecida no Brasil “Facedown” na voz de Fernandinho “Tua Glória a brilhar”. Matt também é autor do livro “A Essência da adoração”.
Fonte: Gospel+
Com informações do Portal Adorando