Os cantores gospel ligados à Igreja Adventista foram envolvidos em uma polêmica recentemente por causa de uma publicação do pastor Renato Vargens, que afirmou que a doutrina da denominação não é coerente com a Bíblia Sagrada.
Nesse contexto, o pastor listou motivos pelos quais acredita que deve-se evitar cantar as músicas de artistas gospel pertecentes a essa denominação. Vargens é pastor da Igreja Cristã da Aliança, em Niterói (RJ), escritor e um dos principais formadores de opinião no movimento reformado brasileiro.
Em seu artigo sobre o tema, ele destaca quatro razões para “entender melhor as objeções aos cânticos adventistas”. No Brasil, hoje, estão dentre os artistas adventistas mais conhecidos nomes como Leonardo Gonçalves, Raiz Coral, Arautos do Rei, dentre outros, de acordo com informações da Wikipedia.
“É impressionante como as igrejas evangélicas tem cantado em seus cultos e congressos, canções adventistas. Sinceramente fico a pensar na incoerência evangélica em pregar o Evangelho da graça desprovido de legalismo e ao mesmo tempo entoar canções adventistas cujas doutrinas ferem as verdades fundamentais das Escrituras”, pontuou o pastor.
Confira os quatro pontos destacados pelo pastor Renato Vargens:
1- Adventistas do sétimo dia são sectaristas, exclusivistas e geralmente usam suas músicas para abrir as portas das igrejas para seu proselitismo;
2- Adventistas do sétimo dia possuem doutrinas absolutamente destoantes daquelas que são defendidas pelo protestantismo como o sono da alma, o lugar de satanás na expiação, o juízo investigativo e muito mais;
3- Adventistas do sétimo dia colocam os escritos de sua profetisa Ellen G. White no mesmo nível de autoridade, ou em alguns casos até superior a autoridade das Escrituras;
4- Entoar canções dos Adventistas do Sétimo é oferecer aos novos na fé o falso entendimento de que as “águas que brotam de suas fontes” são saudáveis, ocasionando com isso a possibilidade de que cristãos imaturos espiritualmente sejam facilmente iludidos por seus falsos ensinos.
Resposta
A Igreja Adventista do Sétimo Dia rebateu as acusações feitas por Vargens. O pastor Rafael Rossi, diretor de Comunicação da Igreja Adventista do Sétimo Dia para a América do Sul, afirmou que os argumentos usados são inconsistentes, pois a denominação não considera os escritos de Ellen White similares ou superiores à Bíblia Sagrada, e que as canções dos artistas adventistas exaltam a mensagem do Evangelho.
Rossi salientou que “os adventistas lamentam muito o fato de um pastor sugerir que as pessoas deixem de ouvir músicas produzidas por cantores ou instrumentistas adventistas”, já que todo o trabalho é fruto de um esforço voltado à divulgação de uma mensagem evangélica.
“Essas canções, além de muito bem produzidas sob o ponto de vista da qualidade técnica, são fundamentadas na Bíblia e edificam espiritualmente. Um dos exemplos é o tradicional quarteto Arautos do Rei, com mais de meio século de existência no Brasil, e que se apresenta e tem muitas músicas cantadas em diferentes igrejas evangélicas”, pontuou.
Confira a íntegra da resposta da Igreja Adventista:
A Igreja Adventista do Sétimo Dia sente a necessidade de dar alguns esclarecimentos a respeito da notícia intitulada Pastor aconselha a não cantar músicas de artistas adventistas e aponta quatro razões, do pastor Renato Vargens, divulgado pelo site Gospel Mais, no dia 12 de outubro.
1. A acusação do referido pastor de que a Igreja Adventista é exclusivista não tem consistência. Os adventistas são conhecidos, sobretudo no Brasil, por manterem uma das maiores redes de escolas, colégios e universidades (mais de 150 mil alunos) onde estudam centenas de pessoas não adventistas. Além disso, seus mais de 15 mil templos no território brasileiro estão abertos todos os finais de semana e, em alguns dias da semana, para que milhares de pessoas, de diferentes religiões ou mesmo sem qualquer crença definida, possam visitar e conhecer o que creem os adventistas. Isso sem falar nos hospitais, nos projetos de assistência social e nos centros de vida saudável. As músicas produzidas por cantores e instrumentistas adventistas são feitas para louvar o nome de Deus, como se espera de músicas cristãs, e servem ao propósito de ajudar pessoas a se conectarem cada vez mais com Deus e, se o desejarem por livre e espontânea vontade, com a igreja também. E nisso não há nenhum tipo de ilegalidade, arbitrariedade ou contradição com a Bíblia.
2. As crenças defendidas pelos adventistas (http://www.adventistas.org/pt/institucional/crencas/) são amplamente divulgadas e estão totalmente embasadas na Bíblia Sagrada. Todas as pessoas são convidadas a conhecer mais sobre o que creem os adventistas e fazer elas mesmas sua comparação com o que conhecem a respeito da Bíblia Sagrada e, assim, tirar suas próprias conclusões.
3. É inverídica a afirmação de que os escritos de Ellen White são apresentados pelos adventistas como no mesmo nível ou superiores à Bíblia Sagrada. É fundamental ler esse artigo ( http://centrowhite.org.br/perguntas/perguntas-sobre-ellen-g-white/como-os-escritos-de-ellen-g-white-se-relacionam-com-a-biblia/ ) e, em um trecho, é dito que “os adventistas do sétimo dia acreditam que os escritos de Ellen White não constituem um substituto para a Bíblia. Não podem ser colocados no mesmo nível. As Escrituras Sagradas ocupam posição única, pois são o único padrão pelo qual os seus escritos – ou quaisquer outros – devem ser julgados e ao qual devem estar subordinados” (Nisto Cremos, p. 305).
4. Os adventistas lamentam muito o fato de um pastor sugerir que as pessoas deixem de ouvir músicas produzidas por cantores ou instrumentistas adventistas. Isso porque essas canções, além de muito bem produzidas sob o ponto de vista da qualidade técnica, são fundamentadas na Bíblia e edificam espiritualmente. Um dos exemplos é o tradicional quarteto Arautos do Rei, com mais de meio século de existência no Brasil, e que se apresenta e tem muitas músicas cantadas em diferentes igrejas evangélicas no Brasil e em outros países.
Respeitosamente, esperamos que essas acusações não se reproduzam, pois temos adotado a postura de apresentar nossos projetos, programas, ações, crenças e convicções sem, no entanto, atacar grupos ou organizações religiosas ou não, que inclusive pensam de forma diferente da nossa.
Que Deus abençoe a todos e que sigamos buscando a paz uns com os outros como fez Jesus Cristo enquanto aqui viveu.
Pr. Rafael Rossi
Diretor de Comunicação da Igreja Adventista do Sétimo Dia
América do Sul