O cantor Thalles Roberto concedeu uma entrevista ao portal G1, falando sobre sua carreira e momentos na música secular.
A matéria do portal destaca que em apenas três anos no mercado gospel, Thalles já vendeu mais de 600 mil discos, e que, o atualmente pastor, teve momentos complicados fora dos palcos.
Thalles revela que “rolava tudo”, e que uma reflexão causada por um desentendimento o levou a começar a mudar de atitude: “Eu estava em um hotel em Curitiba com um amigo no quarto, a gente estava usando drogas. Ele começou a me agredir com algumas palavras, dizendo que meu objetivo era destruir a vida das pessoas. Ele me ofendeu muito. Naquele momento eu comecei a refletir sobre tudo o que eu estava fazendo”.
O cantor reafirma sua mudança de vida, revela que ainda tem amizade com os músicos do Jota Quest e que, apesar de seu som não ser parecido, aprendeu muita coisa com eles, revela que “em hipótese alguma” voltaria à música secular e frisa que não compõe baseado no que é tendência: “Hoje eu não ouço nem música secular nem gospel. Eu quero tirar a minha essência do coração”.
Confira abaixo a íntegra da entrevista de Thalles Roberto ao G1:
No Troféu Promessas, você agradeceu à Ana Paula Valadão [cantora do Diante do Trono], disse que ela era um exemplo. Por quê?
Quando comecei a acompanhar a música gospel, ainda estava no Jota Quest. Ouvia a Ana Paula cantando e me sentia intrigado. Como uma pessoa no começo de sua juventude abria mão disso para viver Deus? Não era o que eu vivia, e isso me deixava confuso. Hoje consigo entender uma pessoa jovem dar sua vida para Deus. O jovem quer curtir, quer balada, quer festa, quer aproveitar sua juventude. Ela gastou a juventude dela falando de Deus. Isso é um exemplo para todos nós.
O que te fez mudar de ideia?
Foi a minha conversão mesmo. A minha aceitação de Jesus como salvador. Mudei de opinião e comecei a olhar as coisas com a perspectiva de Deus. É muito legal ser um instrumento, andar pelo Brasil falando de Deus. Hoje faço parte desse time.
Metade das atrações do Festival Promessas [Thalles, Diante do Trono e André Valadãox] veio de uma igreja só, a Batista da Lagoinha de Belo Horizonte. É uma igreja milagrosa? Qual é sua história nela?
Ela é muito especial. A música gospel mineira tem uma proporção gigantesca no meio. Tem uma pessoa especial, o pastor Márcio Valadão, pai do André e da Ana Paula. E é “meu pai” também, me ajudou muito no início da carreira – financeiramente, espiritualmente, como amigo, orando por mim, pagando minhas dívidas, minhas contas, me aceitando e deixando participar do culto. Lá é sim um celeiro de talentos.
Quanto tempo você tem de carreira, e quanto na música evangélica?
Eu canto desde cinco anos, estou com 35. Carreira eu considero desde que se começa a levar a música a sério. Aos 15 anos eu decidi não fazer nada além de cantar. Então são 20 anos. Música gospel são três anos. É um tempo curto para esse nível de reconhecimento. Mas eu acredito que é uma coisa de Deus mesmo, ele me separou para fazer isso.
Comecei a refletir sobre tudo o que eu estava fazendo, a maneira que estava conduzindo minha vida, minhas baladas, noitadas, “chapações”. Meu contato com a droga vinha me prejudicando e também às outras pessoas. Decidi voltar para a casa do pai.
Qual a diferença, para você, entre ser músico e ser músico gospel?
A mensagem mesmo. O que o músico secular que falar é da vida dele – amor, namoros, traições, noitadas. A gente fala das nossas experiências com Deus. A alegria que sentimos, a bênção que é você não guiar sua vida, mas deixar Deus dirigir tudo.
No clipe de “Deus da minha vida” você conta uma história sobre iluminação. Como aconteceu?
Eu estava em um hotel em Curitiba com um amigo no quarto, a gente estava usando drogas. Ele começou a me agredir com algumas palavras, dizendo que meu objetivo era destruir a vida das pessoas. Ele me ofendeu muito. Naquele momento eu comecei a refletir sobre tudo o que eu estava fazendo, a maneira que estava conduzindo minha vida, minhas baladas, noitadas, “chapações”. Meu contato com a droga vinha me prejudicando e também às outras pessoas. Decidi voltar para a casa do pai. Foi como se a luz de Deus viesse dentro do meu quarto e dissesse: “Meu filho, você esta perdido pra caramba, precisa endireitar seu caminho”.
Era uma viagem de turnê?
Estava em turnê com o Jota Quest.
E como você fez? Anunciou no outro dia que ia sair da turnê?
Comecei a pedir para Deus em orações para mostrar o meu caminho. Eu não tinha como sair, dali eu tirava meu pão, o sustento da minha família. E Deus começou a me levar para o caminho que ele tinha para mim. As coisas começam a acontecer sem que você tenha controle sobre elas. As portas começaram a se abrir. Depois disso eu ainda fiquei dois anos no Jammil e Uma Noites. Depois é que eu realmente decidi sair. Primeiro eu parei de fumar, de usar drogas, de me prostituir. Fui cortando tudo o que me atrapalhava e atrapalhava a vida das pessoas.
Se prostituir em que sentido?
No sentido de pegar todo mundo, pegar mulher casada, ficar com um monte de mulher, fazer suruba, rolava tudo. Aí Deus foi me ensinando que a vida não era assim, eu tinha sido criado para ter uma família, para viver uma vida em paz.
Você já compôs para artistas seculares como Seu Jorge. Pretende continuar fazendo isso?
Não, agora estou 100% com o gospel. A gente fala da nossa verdade, e aquilo não é minha verdade. Eu faço algumas músicas românticas, canto para minha esposa. Talvez no futuro a gente possa gravar um disco de músicas românticas para a família.
Seu show tem presença de black music. Quais são suas influências musicais?
Lionel Ritchie, Stevie Wonder, Michael Jackson, Lenny Kravitz, Dianna Ross. Foram as coisas que eu mais ouvi. Também Mariah Carey, Boyz II Men.
Ainda escuta música secular?
Hoje eu não ouço nem música secular nem gospel. Eu quero tirar a minha essência do coração.
Como você avalia hoje sua experiência no Jota Quest?
Foi muito positivo. Eu sou amigo dos meninos até hoje, a gente conversa sempre. Acho que eu aprendi muito ali. Acho que meu som não tem nada a ver com Jota Quest. Mas aprendi a passar a verdade ali no palco. Ter presença de palco, fazer entrevistas. Foi um tempo de muito aprendizado em todos os aspectos.
Mas voltaria para uma turnê?
Não, em hipótese alguma.
Por Tiago Chagas, para o Gospel+