A disposição dos instrumentos clássicos no cenário, o vistoso piano de cauda, o naipe de cordas formado por violinos, violas e cellos, a sutileza da flauta celta, a sonoridade do trompete píccolo e a beleza do órgão hammond, do acordeon e do vibrafone já transmitiam a impressão de que o álbum seria especial.
Mas talvez nem a própria Nívea tivesse noção de que naquela noite no Citibank Hall, diante de mais de 3.000 pessoas, estava para ser concebida uma verdadeira obra-prima da música cristã. Isso porque, apesar de todo o planejamento, da técnica e do talento de todos os profissionais envolvidos, a obra-prima não é programada.
Ela nasce de um conjunto de fatores e oportunidades únicas, e nesse caso, de uma unção divina que tornou o projeto diferente de todos os outros. O resultado: um acústico eletrizante!
A decisão por esse formato foi unânime pela equipe de produção. Afinal, ele concede roupagens inéditas às composições, tornando-as atemporais e inesquecíveis, sem que percam a sua força e pulsação originais.
E não é só isso. A iniciativa dá maior abrangência ao repertório, que alcançará um número ainda maior de pessoas, superando as preferências de estilos musicais de cada um.
O histórico dessa tendência na música mundial é interessante, e ao mesmo tempo controversa. Alguns registros constatam que os precursores dessa maneira de arranjar as canções – apenas com instrumentos acústicos – tenham sido Elvis Presley, que voltava a se apresentar no fim da década de 60 em uma reportagem especial na Rede NBC, depois de oito anos longe das câmeras; e os Beatles, que filmaram em 70 Let It Be, num documentário informal feito em estúdio.
Fato é que o nome do formato ainda não havia sido definido. O conceito só caiu no gosto da audiência mundial no fim da década de 80, quando começou a ser difundido em larga escala pela MTV – Music Television, com o programa MTV Unplugged, reunindo diversas bandas e artistas que tocavam suas músicas em uma nova versão, sem a presença de instrumentos elétricos.
No Brasil, o primeiro registro de um projeto dessa natureza foi Blackout, álbum independente gravado pelo músico Marcelo Nova, em 1991. Ele conta que na época, decidiu experimentar uma gravação com a completa ausência de energia elétrica, uma iniciativa inédita no âmbito nacional.
“Ainda não existia nada nesse sentido. Pelo menos, ninguém falava a respeito desse assunto”, lembra Marcelo. (Dois anos depois, a MTV gravaria com ele um piloto já com a marca Acústico, mas que não foi exibido).
Oficialmente, o unplugged – desplugado, na tradução literal – foi importado para o Brasil pela MTV em 1992, que gravou um especial com a banda Barão Vermelho. De acordo com Anna Butler, responsável pelas relações artísticas da MTV, era para ser apenas mais um programa na grade da emissora, mas como estourou, os grupos eram chamados para lançar CD e DVD.
“Definitivamente, o que mais vendeu foi o Acústico dos Titãs, algo em torno de dois milhões de cópias. Mas vários foram sucessos incríveis, como Cássia Eller, Paralamas, Kid Abelha, Zeca Pagodinho e Roberto Carlos”, diz Butler.
Quase 12 anos depois, a Aliança repete uma aposta que deu certo e promove um lançamento inesquecível no meio gospel, utilizando uma verdadeira mega-estrutura, sob a direção geral de Ricardo Carreras e a produção musical de Maurício Abachioni, mesmo time que assina os álbuns Comunhão e Adoração 6 (Adhemar de Campos) e Vem, Esta é a Hora – Ao Vivo (Ministério Vineyard).
Inovação e tecnologia
Só mesmo uma gravação ao vivo poderia transportar o espectador para a noite do evento, reproduzir o clima e as sensações do momento e atribuir toda a emoção daquela ministração. E é claro que a tecnologia facilita as coisas. Por isso, a Aliança investiu na realização do primeiro trabalho gravado totalmente em Alta Definição no gospel nacional, que pode ser considerado um verdadeiro marco no que diz respeito à inovação e à utilização dos mais modernos equipamentos em tecnologia audiovisual.
Para que o resultado final fosse o melhor possível, todos os detalhes foram minuciosamente planejados, a começar pela escolha do local. De acordo com Ricardo Carreras, o Citibank Hall é uma casa capaz de comportar uma produção dessa envergadura e possui, inclusive, um palco com a proporção ideal para gravações no formato Widescreen.
Toda a estrutura de iluminação e cenário formaram o ambiente perfeito para a realização de um musical fora de série. Na montagem do palco, foram exploradas sobreposições de texturas de diferentes tipos de tecido e globos orientais, que garantiram um impressionante efeito de luzes flutuando no cenário.
Aos poucos, a história foi sendo contada. O trabalho foi intenso para que Nívea, seu esposo Gustavo Soares e a equipe da Aliança chegassem a uma conclusão com relação ao repertório que faria parte dessa narrativa. Na opinião de Nívea, todo o planejamento foi essencial para que as ideias saíssem do papel.
“O relacionamento com a Aliança foi gratificante desde o início. Toda a equipe é muito profissional, e isso proporciona segurança para realizar um trabalho desse porte. Já não consigo mais fazer música por fazer. Por isso tomei um passo de fé avante em direção às promessas de Deus, e aceitei esse desafio”.
Por fim, demonstrando uma profunda sensibilidade musical, Nívea registra os sucessos Ele Vem, Aumenta o Fogo, Eu Nasci Pra Te Adorar, Centro da Tua Vontade, Vinde a Mim, Me Esvaziar, Correrei Para a Tua Cruz, Tempo de Adorar, Reina Sobre Mim, Rio, as inéditas Sobre as Águas e Tua Glória a Brilhar (Facedown) e o clássico Mais Perto Quero Estar, neste que pode ser considerado um dos trabalhos mais maduros de sua carreira.
Repleto de grandes momentos, o álbum fica ainda mais especial com as participações de Ana Paula Valadão, David Quinlan, Fernanda Brum e Adhemar de Campos, que ao lado de Nívea, interpretam temas inspiradores com muita unção e carisma, marcas registradas de todos eles. “Penso que conseguimos encontrar uma maneira das pessoas adorarem de forma mais pura e simples”, conclui Nívea.
O álbum está disponível em CD, Playback, DVD e breve em Blu-ray.
Fonte: Gospel+
Por: Sérgio Marques
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